Na Europa, estima-se que cerca de 88 milhões de toneladas de alimentos sejam desperdiçadas anualmente, enquanto cerca de 70 milhões de pessoas vivem abaixo dos níveis de pobreza e 16 milhões dependem de ajuda alimentar. Há vários anos que as instâncias europeias procuram definir uma estratégia e tomar medidas visando a redução do desperdício alimentar. Recentemente, em Maio de 2020, a Comissão Europeia apresentou uma proposta que designou “Estratégia do Prado ao Prato” a qual visa o estabelecimento de um sistema alimentar justo, saudável e respeitador do ambiente e que, entre diversas medidas, fixa a meta de 2030 para a redução para metade do desperdício alimentar a nível do retalho e dos consumidores.
Em Portugal, 21,6% da população vive em risco de pobreza ou de exclusão social e cerca de 3% em insegurança alimentar moderada ou grave, enquanto pelo menos mais de 1 milhão de toneladas de alimentos são desperdiçadas anualmente. Com a crise social causada pela pandemia de Covid19, estes números poderão vir a agravar-se substancialmente.
O desperdício alimentar não é só um problema ético, social e económico como também apresenta sérios impactos ambientais num mundo de recursos naturais limitados. É responsável por uma emissão de gases de efeito de estufa equivalente à rede global de transportes terrestres, atingindo valores comparáveis às economias mais desenvolvidas.
Combate ao desperdício e ajuda alimentar podem considerar-se, por assim dizer, como duas faces da mesma moeda. Isto porque o encaminhamento para a alimentação dos mais carenciados daqueles produtos e bens alimentares que de outra forma teriam como destino o lixo estão assim ligados num mesmo objectivo geral de desenvolvimento sustentável global.
Segundo a FAO, “se o Desperdício Alimentar Mundial fosse um país, seria o terceiro emissor destes gases, logo a seguir à China e aos Estados Unidos, contribuindo para o aquecimento global”.