Em Portugal, quer por efeito de crescentes movimentos da opinião pública e de múltiplas iniciativas privadas, nomeadamente dos Bancos Alimentares Contra a Fome, quer mais recentemente por reflexo da Directiva Europeia sobre Resíduos, (UE 2018/851) têm vindo a ser delineadas nos últimos anos algumas políticas públicas e desencadeadas acções com vista à redução do desperdício alimentar.
Destaca-se neste quadro a criação e acção da Comissão Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar.
Criada por Despacho nº 14202-B/2016, de 25 de Novembro, tem como missão “promover a redução do desperdício alimentar através de uma abordagem integrada e multidisciplinar”. Tendo como principal competência elaborar e acompanhar a execução da Estratégia Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar, assume um processo participativo que envolve organismos governamentais e autárquicos e de solidariedade social.
A Comissão publica também uma ilustrativa Brochura (E-book) e várias Newsletters, contendo a Estratégia e Plano de Acção, Resultados, Documentação e Ligações Úteis, cuja utilização vivamente se recomendam para maior e melhor conhecimento das várias actividades e iniciativas nacionais neste domínio.
No plano privado, instituições como a Reefood e a Dariacordar/ZeroDesperdício, contribuem pelas suas acções para a redução do desperdício alimentar. Com base no voluntariado, estas organizações recolhem a partir de uma vasta rede de doadores – supermercados, restaurantes, cafés, hospitais, hotéis, entidades públicas – alimentos perecíveis de consumo quase imediato, tais como as sobras de refeições intactas, como é o caso da Reefood, ou os excedentes alimentares e alimentos que se aproximam do fim das datas de validade, como faz o movimento ZeroDesperdício, e promovem a sua distribuição por famílias carenciadas, devidamente sinalizadas. A estas acrescentem-se outras iniciativas com diferentes abordagens, mas que partilham os mesmos objectivos, como a Fruta Feia, ou a Goodafter.com, para citar apenas algumas.
As grandes cadeias de distribuição em Portugal têm também inovado neste campo, com acções como a dos “Legumes Feios”, os “Produtos com Desconto”, as “Receitas Desperdício Alimentar Zero” e a Doação de Alimentos. Destaque-se ainda o recente projecto de uma cadeia de distribuição, cofinanciado pela União Europeia, o LIFEFood Cycle, de desenvolvimento de uma plataforma digital de gestão de quebras, perdas e excedentes, tornando mais eficiente o processo das doações solidárias.
A preocupação com a redução do desperdício alimentar está cada vez mais presente na sociedade civil e manifesta-se em múltipla iniciativas, como por exemplo, as da Universidade do Minho só para referir algumas. Essas iniciativas visam, por um lado, sensibilizar os estudantes para o problema e, por outro, reduzir na prática a produção de desperdício nas refeições servidas nas cantinas daquelas instituições mediante um melhor aproveitamento dos produtos usados na sua confeção.
A outro nível, e numa dimensão de movimento e iniciativa cívica mobilizadora do público em geral, assinale-se o recente lançamento da iniciativa Unidos contra o Desperdício.
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