A nível mundial, as organizações das Nações Unidas FAO, FIDA, UNICEF, PAM e OMS, realizam anualmente o levantamento e análise da situação em todas as zonas do globo no que respeita à segurança alimentar e nutrição.
A edição 2023 do relatório das Nações Unidas sobre o estado da segurança alimentar no mundo revela que há mais 122 milhões de pessoas afectadas pela fome do que havia em 2019, antes da pandemia Covid.
Segundo o relatório, há hoje em todo o mundo cerca de 735 milhões de pessoas nessa situação quando, em 2019, esse número rondava os 613 milhões. As Nações Unidas atribuem este aumento a factores como a pandemia, e às situações de falta de alimentos derivadas das alterações climáticas e de conflitos, incluindo a guerra na Ucrânia.
As Nações Unidas estimam ainda que aproximadamente 29,6% da população mundial, ou seja, cerca de 2 mil e 400 milhões de pessoas não tenham acesso a uma alimentação regular. Destas, cerca de 900 milhões enfrentam situações de insegurança alimentar grave, sendo que muitas são crianças.
O relatório revela também que há desigualdades significativas entre diversas regiões do mundo. De um modo geral, na Ásia e na América Latina registou-se uma redução das situações de carência, mas estas agravaram-se na Ásia Ocidental, nas Caraíbas e em praticamente todas as regiões de África. Este continente é, aliás, a região do mundo mais atingida pela fome, que afecta uma em cada cinco pessoas, ou seja, mais do dobro da média a nível global.
A manterem-se estas tendências, as cinco agências das Nações Unidas envolvidas neste levantamento avisam que será impossível cumprir o objectivo Fome Zero – acabar com a fome, a insegurança alimentar e a desnutrição em todas as suas formas – até 2030.